O inverno de 2024 foi o mais quente em quase 30 anos de medições realizadas pelo Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar). Curitiba, assim como as regiões Norte, Norte Pioneiro, Central e Noroeste, atingiu as temperaturas médias mais altas para o período desde o início dos registros em 1997.
Na capital, a média de temperatura alcançou 15,9ºC, superando o recorde anterior de 15,8ºC registrado em 2006. No Noroeste, a temperatura média subiu de 20,9ºC (em 2002) para 21,7ºC, enquanto no Norte e Norte Pioneiro passou de 19,3ºC para 19,7ºC. Na região Central, com Guarapuava como referência, a média aumentou de 15,3ºC para 15,6ºC. Apenas as regiões Oeste, Sudoeste, Sul e Litoral não bateram seus recordes de temperatura.
Ilhas de calor e ausência de massas de ar frio explicam fenômeno
O meteorologista do Simepar, Reinaldo Kneib, explicou que a elevação das temperaturas se deve à formação de ilhas de calor em áreas mais urbanizadas, como Curitiba. “As massas de ar quente, que normalmente permanecem mais ao centro do país, desceram para o Sul, enquanto as massas de ar frio foram pouco persistentes. Tivemos apenas alguns dias com temperaturas mais baixas, mas o calor logo retornava”, afirmou Kneib.
Tempo seco e estiagem levam governo a decretar emergência
Além do calor, o inverno foi marcado pela estiagem prolongada e aumento de incêndios florestais, levando o governador Carlos Massa Ratinho Junior a decretar situação de emergência em todo o Paraná. Cidades como Paranavaí e Cambará ficaram mais de 20 dias sem chuva, e a umidade relativa do ar mínima chegou a ficar abaixo de 20% em várias regiões. A expectativa é de que o volume de chuva acumulado em setembro seja 38% menor que a média histórica.
Novas diretrizes contra a estiagem
Em resposta à crise hídrica, a Secretaria de Estado do Desenvolvimento Sustentável (Sedest) estabeleceu novas diretrizes para o enfrentamento da estiagem. A Resolução nº 42/2024 ajustou o coeficiente para o cálculo da vazão máxima outorgável de 0,5 para até 0,8 em corpos hídricos estaduais para captação de água e lançamentos de efluentes. A instalação de novos usuários e empreendimentos em áreas de manancial será proibida, exceto para abastecimento público e dessedentação de animais.
As mudanças entrarão em vigor após a aprovação dos 12 Comitês de Bacias Hidrográficas (CBHs) do Paraná.