Brasil

Informalidade e maior tempo de contribuição dificultam aposentadoria

Maria de Lourdes do Carmo, de 50 anos, hoje precisa pagar alguém para preparar a barraca em que trabalha, no centro do Rio de Janeiro. Carregar peso faz parte de seu dia a dia há 27 anos, mas o manuseio dos ferros que estruturam sua loja de roupas na calçada já é pesado demais. Ela suporta uma rotina que inclui viajar para São Paulo e comprar as mercadorias, trazê-las de ônibus, guardá-las em depósito e vendê-las na rua, sob chuva, sol ou vento. Até quando vai fazer isso, ela não sabe. Trabalhadora informal, Maria dos Camelôs, como é conhecida, só contribuiu para a previdência social nos poucos anos em que manteve em dia seu cadastro como microempreendedora individual (MEI).

Se continuar até os 62, idade mínima para as mulheres se aposentarem, ela terá trabalhado 47 anos. “É muito raro um camelô se aposentar. E é um serviço muito cansativo. A gente não tem banheiro, nem horário para comer. A gente fica exposto ao sol, e essa coisa de perder mercadoria para a Guarda Municipal deixa a gente estressado, com pressão alta, problemas de coração. Então, a gente vai sofrer de um monte de coisas. A gente envelhece mais rápido”.

“Várias pessoas estavam pagando o MEI e, quando chegou a pandemia, pararam de pagar, porque não estavam recebendo nada. E as pessoas que ficaram doentes não tiveram direito a nada, porque tinham interrompido o pagamento. Muitas pessoas ficaram com dívidas e não conseguiram sanar essa dívida. A gente pede que o governo rediscuta isso, porque essa coisa do microempreendedor individual é um engodo. As pessoas acham que vão resolver as coisas no individualismo. Elas acham que são empresários, mas não são”. 

A camelô e outras companheiras da categoria se acorrentaram ao portão da Câmara Municipal do Rio de Janeiro na última quarta-feira (27) com uma pauta extensa, que inclui o fim da violência contra os ambulantes irregulares e mais diálogo com a prefeitura. Um protesto foi organizado para reivindicar visibilidade e direitos para os trabalhadores, e alguns dos cartazes levados evidenciavam o teor da manifestação. “Meu trabalho informal importa”, dizia um.

Compartilhe nas Redes Sociais:
Redação JC

Recent Posts

JORNAL DE COLOMBO PROMOVE 2º ENCONTRO DE ALINHAMENTO PARA A SEGURANÇA PÚBLICA

Evento reúne autoridades, empresários e comunidade para debater ações e fortalecer vínculos em prol da…

1 dia ago

GRATIDÃO: TINTAS PELICANO PROMOVE CAFÉ DA MANHÃ PARA CLIENTES E PARCEIROS

Loja de tintas em Guaraituba realiza evento especial para agradecer clientes e parceiros pela parceria…

1 dia ago

COLÉGIO CÍVICO-MILITAR VINÍCIUS DE MORAES CELEBRA DIA DA BANDEIRA COM SOLENIDADE

Evento destaca valores nacionais, promove reflexão sobre a identidade brasileira e celebra conquistas educacionais do…

1 dia ago

NATAL SUSTENTÁVEL: APAE ENVOLVE ALUNOS EM PROJETO TRANSFORMADOR

Projeto une criatividade, reciclagem e inclusão com a participação de alunos especiais.   A decoração…

1 dia ago

Edição 2955 – 22 de novembro de 2024

Clique aqui e veja a edição completa.

1 dia ago

COMUNIDADE MARIA IMACULADA CELEBRA 35 ANOS COM FESTA EM HOMENAGEM À IMACULADA CONCEIÇÃO

Evento será realizado no dia 8 de dezembro, com programação para toda a família e…

3 dias ago