O governador Ratinho Junior anunciou na manhã desta sexta-feira, 26, novas medidas restritivas no enfrentamento à pandemia da Covid-19, com a suspensão de atividades consideradas não essenciais e um aumento no período do chamado “toque de recolher”. A decisão foi tomada em razão do aumento significativo de casos, mortes e, especialmente, de ocupação de leitos. “Nós estamos no pior momento desse 1 ano de enfrentamento da pandemia”, afirmou o governador.
No novo decreto, que passa a valer a partir das 0h deste sábado, 27, e fica vigente até o dia 8 de março, está estabelecida a suspensão de atividades e serviços não essenciais, incluindo algumas atividades que passaram a ser essenciais em determinados municípios, como academias.
Serviços de subsistência, como supermercados, farmácias, panificadoras, açougues, mercearias e postos de combustíveis terão funcionamento permitido, assim como serviços de alimentação nos formatos delivery, drive-trhu e take away.
O chamado “toque de recolher” foi ampliado. A restrição de circulação de pessoas em espaços e vias públicas passa a valer das 20h às 5h, assim como a restrição da comercialização e do uso de bebidas alcoólicas em espaços de uso público ou coletivo.
Outra medida relevante tomada pelo Governo do Estado é a suspensão das aulas presencias em escolas estaduais públicas e privadas. O retorno às aulas nas escolas estaduais estava marcado para o dia 1º de março. A decisão também é válida para as entidades conveniadas com o Governo do Estado, cursos técnicos e em universidades públicas e privadas. Já os órgãos públicos devem retornar ao regime de teletrabalho.
Por fim, foram suspensas as cirurgias eletivas por pelo menos trinta dias em unidades públicas e privadas. Segundo o Governo do Estado, o objetivo é assegurar o estoque de medicamento anestésico e reduzir demanda por leitos hospitalares.
“Peço a compreensão das famílias do Paraná em entender que nós, neste momento, precisamos tomar uma medida mais dura para que as pessoas que moram aqui no nosso Estado não fiquem sem o atendimento médico para poder lutar pela vida. Essa união de esforços vai ajudar a enfrentar mais esse momento difícil”, acrescentou o governador.
Aumento de leitos
Durante o anúncio das novas medidas restritivas, o Governo do Estado também informou a abertura de novos leitos de UTI e enfermaria. “Vamos agregar ao nosso conteúdo de leitos de UTI e enfermaria, mais 99 leitos de UTI e outros 153 de enfermaria, totalizando mais 252 leitos, além dos que já estão instalados”, informou o secretário de Estado da Saúde, Beto Preto.
Porém, foi deixado o alerta para o aumento exponencial da crise sanitária e para outros problemas existentes. “Mesmo que nós continuemos a fazer novos leitos de UTI e mais enfermarias, hoje temos escassez de profissionais da Saúde. Por isso também a necessidade de fazer esse freio de arrumação nesses próximos dias”, afirmou Ratinho.
Fiscalização
O governador Ratinho Junior também afirmou que haverá uma maior rigidez na fiscalização de eventuais aglomerações. “Nós não vamos admitir desrespeito com encontros clandestinos, festas que possam acontecer de forma deliberada, com grande volume de participantes. Vamos impor multa e prisão. Seremos extremamente rígidos com aqueles que não cumprirem o decreto, em especial se tratando de festas clandestinas”, declarou.
Cobrança por vacina
Embora o relacionamento do Governo do Estado com o Governo Federal seja considerado bom, o secretário de Saúde, Beto Preto, deixou um recado importante em relação à vagarosidade da União em fornecer a vacinação contra a Covid-19. “Já vacinamos aproximadamente 300 mil paranaenses. A velocidade da chegada da vacina em janeiro e fevereiro não foi aquela que nós gostaríamos. Temos equipes preparadas para vacinar rapidamente em todo o Estado do Paraná. Temos uma informação de que em março, vamos receber 37 milhões de doses em todo o Brasil e no Paraná em torno de 1,7 milhão de doses. Nós precisamos de mais vacinas”, pontuou.
Piora no cenário
Antes das falas do governador Ratinho Junior e do secretário Beto Preto, o diretor da SESA, Vinicius Filipak, apresentou algumas informações relativas ao cenário epidemiológico no Paraná. “Durante toda a pandemia, o Paraná tem desde março do ano passado, mais de 628 mil paranaenses infectados, com mais de 11 mil pacientes que foram a óbito. Para o enfrentamento desta pandemia trabalhamos com uma estratégia de ampliar a capacidade do sistema de Saúde”, iniciou sua explicação.
De acordo com as estatísticas apresentadas, houve um aumento significativo na ocupação média de pacientes em UTI e enfermaria, entre o final do ano e a atual semana. A ocupação atual de leitos de UTI é de 94%, a maior ocupação desde o início da pandemia no Estado. Este índice ultrapassa a projeção pessimista da Secretaria de Estado da Saúde, que era de 92%. “Temos uma nova cepa circulando que está atingindo duramente a nossa população. Mesmo que os leitos fossem infinitos, ainda assim, 10% das pessoas que pegam Covid teriam de ser internadas, e destas, 25% devem vir a óbito”, alertou Filipak.
Ainda de acordo com os dados oficiais, também houve um aumento na fila de espera de pacientes que necessitam de internação. Nesta quinta-feira, 25, havia 150 pacientes de UTI aguardando internação e 291 pacientes aguardando leitos de enfermaria, totalizando 441 pacientes. Nesta sexta-feira, 26, a quantidade de pacientes em fila de espera aumentou para 578 no total, um crescimento de 31% de um dia para o outro.
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