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Campeã no Jiu-Jitsu, Daiane Silva mira o MMA

Quando acorda às 6 horas da manhã, a rotina da auxiliar administrativo Daiane Cristina da Silva, de 25 anos, é similar a de tantas outras pessoas. Mas ao fim de mais um dia cansativo de trabalho, a colombense veste um kimono e se torna uma atleta campeã de Jiu-Jitsu. Praticante da modalidade desde o ano de 2016, Daiane já teve diversas conquistas oficiais. “Eu não gostava muito no início. Sempre fiz esporte, vim do vôlei, fiz futebol americano e atletismo. Quem gostava muito de Jiu-Jitsu era o pai do meu filho, meu ex-namorado. E em uma brincadeira de aposta, comecei a treinar e pegar gosto. Com quatro meses de treino já fui competir e foi aí que eu vi que era o que eu queria”, conta Daiane que em seu primeiro ano conquistou duas medalhas de ouro e uma de bronze.

Em 2018 teve uma fratura, mas ainda houve tempo de conquistar um título na cidade de Guarapuava. Ainda naquele ano, Daiane descobriu que estava grávida e teve de interromper os treinamentos e participações em campeonatos. Em 2019, enfim, as conquistas de Daiane subiram de nível. “Eu fui com o objetivo de que fosse meu ano e realmente foi. Fui para Florianópolis, fui campeã sul-americana. Consegui competir em todas as etapas do Paranaense e de Open. Em São Paulo fui para competir o Campeonato Brasileiro, e fui campeã na faixa branca”, detalha.

Apesar dos títulos, viver do esporte ainda é um sonho distante. Por isso, o MMA (Mixed Martial Arts, ou Artes Marciais Mistas) surgiu como uma opção. Ainda em 2019, Daiane foi convidada para a disputa do Nação Cyborg, um evento de luta organizado pela lutador curitiba Cris Cyborg. Na ocasião, Daiane também levou o título e passou a ser incentivada por seu mestre, Thiago Paulista, a direcionar seus esforços para o MMA. “Pra mim foi uma super oportunidade. Até então eu não tinha visão de ir para o MMA. O foco era o Jiu-Jitsu. Foi um mês de preparação, foi bem difícil, estava com 78kg e tive de baixar para 70kg. Foi bastante desgastante, pois tenho filho, tenho que trabalhar fora. Mas no final deu tudo certo, consegui buscar a vitória, fui campeão e foi uma noite emocionante. Não tenho palavras para descrever a alegria”, conta a lutadora, que tem treinado especificamente para as Artes Marciais Mistas.

Apesar de tudo isso, Daiane lamenta o pouco apoio recebido para a disputa das competições, em que há custos de viagens, inscrições, uniformes, suplementação, entre outros. No ano passado, por exemplo, Daiane teve diversas inscrições pagas pela amiga Gelsi Luiza. “Ela faz minha sobrancelha. Contei minha história para ela e ela se propôs a ajudar. Sou muito grata a ela, porque se não eu não conseguiria participar nem da metade dos campeonatos. É um anjo na minha vida”, afirma. 

Agora, Daiane espera que após a pandemia os torneios possam voltar no Jiu-Jitsu ou no MMA e, principalmente, seu esforço possa ser valorizado. “Comecei o ano bem desanimada. Em 2019 dei tudo de mim, participei, corri atrás. Para ir ao Brasileiro tive de angariar valores, tirar do bolso. E não tive nenhum retorno. Isso acaba desmotivando. Meu sonho é ser campeã mundial. Mas o Jiu-Jitsu é um esporte muito caro. E eu, por vir de uma família de classe baixa, não tenho como ficar tirando para competir. Eu dependo de que as pessoas me vejam e acreditem no meu trabalho”, desabafa. 

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Redação JC

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