Manifestação convocada pelo ex-presidente reúne políticos, religiosos e apoiadores com críticas ao Judiciário e apelo por anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro
Apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ocuparam a Avenida Paulista na tarde deste domingo (6) em um ato pela anistia dos condenados pelos ataques de 8 de janeiro de 2023. O evento contou com discursos inflamados, símbolos de protesto e a presença de líderes políticos, religiosos e governadores aliados.
Convocado por Jair Bolsonaro, o ato na Avenida Paulista começou por volta das 14h com uma oração conduzida pela deputada federal Priscila Costa (PL-CE), vice-presidente do PL Mulher. A manifestação teve como foco principal o apoio ao projeto de lei que tramita na Câmara dos Deputados e que propõe a anistia aos condenados pelos atos antidemocráticos que ocorreram em Brasília no início de 2023.
Durante os discursos, o vice-presidente da Câmara, Altineu Côrtes (PL-RJ), destacou uma “forte articulação” para que o texto entre em pauta nos próximos dias. Vestidos majoritariamente de verde e amarelo, os manifestantes empunhavam batons como símbolo da cabeleireira Débora Rodrigues Santos, presa após escrever com batom na estátua da Justiça, em frente ao STF. O gesto foi amplamente replicado no protesto, inclusive com batons infláveis.
No carro de som, diversos parlamentares discursaram, como Nikolas Ferreira (PL-MG), Marcel van Hattem (NOVO-RS) e Carolina De Toni (PL-SC). Também marcaram presença 15 senadores e sete governadores: Romeu Zema (MG), Jorginho Mello (SC), Tarcísio de Freitas (SP), Ronaldo Caiado (GO), Wilson Lima (AM), Ratinho Junior (PR) e Mauro Mendes (MT).
Tarcísio de Freitas reforçou seu apoio à anistia: “Tenho certeza que depois desse evento Deus vai tocar no coração de cada parlamentar. Nós vamos ter anistia e essa anistia vai ser uma conquista de cada um de vocês.”
Jair Bolsonaro, ao discursar, voltou a criticar ministros do Supremo Tribunal Federal e o presidente Lula. Reivindicou os feitos de seu governo, como a criação do PIX, a recuperação da Petrobras e alegou que houve “interferência” que mudou o resultado da eleição de 2022.
Um momento inusitado do ato foi a presença conjunta de líderes religiosos com visões distintas. No carro de som, o pai de santo Sergio Pina, conhecido por sua relação com a cantora Anitta, apareceu ao lado do Pastor Silas Malafaia e do Padre Kelmon, todos unidos em defesa da anistia.
A estimativa da USP em parceria com o Cebrap e a ONG More in Common indicou a presença de cerca de 44,9 mil pessoas no momento de pico da manifestação, às 15h44. A medição foi feita por meio de imagens aéreas captadas por drones e analisadas com auxílio de software de inteligência artificial.