Quando o cuidado vira tentativa de cura
Na superfície, um bebê reborn pode parecer apenas uma boneca realista.
Feita com perfeição nos detalhes: pele macia, peso parecido com um recém-nascido, cheirinho de bebê.
Mas, para muitas mulheres, ele não é só um objeto.
Ele é substituição.
É silêncio emocional transformado em rotina.
É uma dor que não conseguiu virar palavra… e se transformou em cuidado.
Por trás de cada bebê reborn adotado por uma mulher adulta, existe uma história.
Pode ser a ausência de um filho.
Pode ser um luto não resolvido.
Pode ser a solidão de quem sempre cuidou dos outros, mas nunca foi cuidada.
Pode ser o trauma de uma infância em que brincar de boneca era proibido,
ou o desejo de reviver o que foi interrompido pela dor.
A sociedade julga.
Chama de “estranho”, “carência” ou “loucura”.
Mas não se pergunta:
Por que tantas mulheres estão buscando refúgio em algo tão simbólico quanto um bebê de silicone?
Na maioria das vezes, a resposta está na falta de espaço emocional.
Na ausência de escuta.
Na dor que a saúde mental feminina ainda carrega em silêncio.
O bebê reborn, para muitas, não é uma brincadeira.
É um reparo simbólico.
É uma forma de dar afeto, e de recebê-lo, mesmo que de forma simbólica.
É cuidado e também fuga.
É proteção e também saudade.
Não se trata de normalizar tudo.
Mas sim de olhar com mais humanidade para aquilo que não sabemos nomear.
Nem todo mundo entende.
Mas quem sente, sabe: às vezes, cuidar de algo fora de nós é a única forma que encontramos de sobreviver à dor que mora dentro.