O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou nesta quarta-feira (7) a taxa básica de juros (Selic) em 0,5 ponto percentual, de 14,25% para 14,75% ao ano. A decisão, unânime entre os membros do colegiado, já era esperada pelo mercado financeiro diante dos sinais emitidos pelo próprio Banco Central nas últimas semanas. Com o aumento, a Selic atinge o maior nível desde julho de 2006, quando estava em 15,25% ao ano, no primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Esta é a sexta alta consecutiva da Selic e reflete a estratégia do BC para conter pressões inflacionárias e responder a um cenário global marcado por incertezas. Em nota oficial, o Copom destacou que o ambiente externo permanece “bastante adverso”, especialmente diante das incertezas relacionadas à política econômica dos Estados Unidos, com ênfase nas diretrizes comerciais e seus impactos globais.

No cenário doméstico, o Banco Central observou que, embora o mercado de trabalho e outros indicadores econômicos ainda mostrem sinais de dinamismo, já se nota uma leve desaceleração no ritmo de crescimento. A elevação dos juros é, portanto, um movimento de cautela frente à possibilidade de avanço da inflação, mesmo diante de sinais incipientes de desaceleração da atividade econômica.

A decisão do Copom pode ter efeitos diretos na economia brasileira. Com a Selic mais alta, o crédito tende a ficar mais caro para consumidores e empresas, o que pode desestimular o consumo e os investimentos produtivos. A medida, por outro lado, costuma atrair investidores estrangeiros interessados em títulos públicos com maior rentabilidade, o que pode ajudar na valorização do real e no controle da inflação.

No mesmo dia, o Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos, manteve a taxa básica de juros do país entre 4,25% e 4,5%, em linha com as expectativas do mercado. A decisão do Fed reforça a cautela adotada pelos principais bancos centrais do mundo diante das incertezas econômicas globais.

Com os juros brasileiros em alta, o governo e o setor produtivo devem enfrentar novos desafios para manter o ritmo de crescimento, especialmente em setores que dependem de crédito, como construção civil, comércio e indústria.

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