Projetada para ser uma cidade do futuro, a capital encanta pela arquitetura, pelos espaços abertos e pela convivência entre arte, urbanismo e diversidade social.
Brasília chega aos seus 65 anos reafirmando sua vocação modernista, com traços que unem passado e futuro. Entre o concreto e os ipês floridos, a cidade pulsa com beleza, contrastes e histórias que nascem no coração do Brasil e se espalham pelos seus amplos espaços.
O traço inconfundível de Lúcio Costa, as curvas ousadas de Oscar Niemeyer, os azulejos de Athos Bulcão e o horizonte livre da capital federal continuam a fascinar moradores e visitantes, 65 anos após a inauguração de Brasília. A cidade planejada para ser o centro do poder político brasileiro é também um mosaico de sonhos, lutas e cotidiano pulsante.
Com seus 2,9 milhões de habitantes, segundo o censo mais recente do IBGE, Brasília é a terceira cidade mais populosa do país. Seus sons e cores alimentam tanto a imaginação dos artistas quanto a resistência de quem enfrenta as desigualdades urbanas. Caetano Veloso, em uma de suas músicas, confessou: “Gosto tanto dela assim”, numa ode ao amor e ao mistério que a cidade inspira.
Brasília nasceu para ser moderna. Foi pensada como um espaço de liberdade, integração e novas possibilidades. “A obra de Niemeyer estabelece referências visuais desse novo país, moderno e com oportunidades para todos”, afirma Alberto de Faria, arquiteto e professor do Centro Universitário de Brasília (Ceub).
Segundo o especialista, o plano piloto de Lúcio Costa foi concebido como uma cruz: um eixo monumental (leste-oeste) e um eixo residencial curvo (norte-sul). Embora popularmente se diga que a cidade tem formato de avião, essa imagem é mais simbólica do que técnica. O desenho buscava uma síntese entre tradição e modernidade, resultando em ruas sem esquinas e espaços de convivência pensados para encontros humanos, não apenas para o tráfego de carros.
Um orgulho local é o Parque da Cidade Sarah Kubitschek, considerado o maior parque urbano do Brasil, com seus 420 hectares. “É maior do que o Central Park de Nova Iorque e oferece um espaço democrático de convivência”, diz o professor Alberto. O local é ponto de encontro para esportes, lazer e contato com a natureza, refletindo a proposta de qualidade de vida presente no projeto da capital.
Outro traço marcante de Brasília é a liberdade criativa. Os famosos painéis de azulejos de Athos Bulcão foram montados pelos próprios operários, trazendo vida e cor aos espaços públicos. Um dos exemplos mais emblemáticos dessa união entre arte e arquitetura é a Igrejinha de Nossa Senhora de Fátima, primeira igreja católica da cidade. Ali, Niemeyer e Bulcão criaram um ambiente de acolhimento e espiritualidade, com estética ousada e simbólica.
Brasília, portanto, não é apenas uma cidade: é uma ideia que continua sendo vivida, construída e sonhada. Seus espaços amplos, sua arquitetura única e seu povo diverso fazem dela um retrato vivo do Brasil que deseja seguir em frente, mesmo com todos os desafios.
Fonte: Agência Brasil