Passando por um momento de preocupação, o país e o mundo voltam suas ações contra a proliferação do COVID-19, o novo coronavírus. Como se não bastasse, o Brasil ainda vive o retorno do sarampo, uma doença que era considerada erradicada, convive com um breve surto de febre amarela e ainda sofre com a dengue, que em 2019 registrou o segundo maior número de mortes nos últimos 21 anos. Em meio a tantas frentes para agir, a Vigilância Sanitária de Colombo, ligada à Secretaria de Saúde, tem buscado trabalhar com a prevenção. Na última sexta-feira, 28 de fevereiro, a diretora da Vigilância Sanitária e Promoção em Saúde do município Pricila Costa, recebeu a reportagem do Jornal de Colombo e falou sobre as ações do departamento diante de tantas doenças perigosas.
Jornal de Colombo – Nesta sexta-feira, 28, você participou de uma reunião para tratar sobre o novo coronavírus. O que você pode adiantar para nós?
Pricila Costa – Tivemos uma videoconferência com todas as regionais do Estado do Paraná para orientações preventivas de cuidados e orientações que temos que passar para as Unidades de Saúde e de Pronto Atendimento, desde os cuidados de precaução de uso de EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) até os encaminhamentos dos exames para o LACEN (Laboratório Central do Estado do Paraná) se caso venha a surgir algum caso suspeito, e também sobre a definição do que seriam esses casos suspeitos.
JC – Qual o papel da Vigilância Sanitária tanto na identificação de casos quanto no controle dessa doença?
PC – Em relação ao controle, nós temos a obrigação de orientar a população no uso correto do EPI, em que momentos devem ser usados, que tipo de equipamentos devem ser usados e as medidas coletivas de proteção: isolamento do paciente, de casos suspeitos; o uso da máscara e de luvas na presença de casos suspeitos e o que chamamos de protocolo respiratório. Na identificação, buscamos orientar a forma de coleta das amostras, das vias respiratórias, para encaminhar para a análise do vírus e também o preparo da equipe de agentes da Saúde. Existe já um protocolo previamente definido do Ministério da Saúde, que são algumas perguntas que têm que ser feitas aos pacientes sintomáticos respiratórios que chegam para o atendimento para ver se enquadra como caso suspeito ou não.
JC – Nas redes sociais a população discute e se divide sobre a capacidade do país em receber e controlar esse vírus. Você acredita que estamos preparados para isso?
PC – Já tivemos outra síndrome respiratória há alguns anos, já passamos por uma experiência de um processo similar. Já temos uma bagagem de acompanhamento e monitoramento dessas situações. E como o repasse das informações hoje é mais rápido, isso facilita para todos os municípios, facilitando assim o treinamento das equipes. Tudo está sendo feito para que seja dado conta do recado. Não temos ainda a ideia da dimensão e da proporção que esse vírus vai atingir, porque ainda há muita novidade. Mas tudo está sendo estudado e as condutas serão utilizadas conforme a orientação do Ministério da Saúde.
JC – Mudando um pouco de assunto, o país e o estado está voltando a ter problemas com o sarampo e a febre amarela. Quais estão sendo as ações do município em relação a essas doenças?
PC – Em Colombo nós temos 61 casos confirmados de sarampo e nenhum caso registrado de febre amarela. Em todo caso suspeito nós fazemos a ação de bloqueio, que é a vacinação de contatos próximos, seja em empresas, residências, escolas, nos locais que a pessoa frequenta. E o monitoramento desse paciente, que fica afastado das atividades laborais para evitar a transmissão. E isso vale para qualquer ação, ir a um dentista, a uma loja. O paciente precisa ficar em casa. É uma medida de precaução. Além disso, estamos em plena campanha de vacinação de ambas as doenças até o dia 13 de março, buscando vacinar principalmente os pacientes de 20 a 39 anos, visando alcançar a meta de vacinação nessa faixa etária. Inclusive, teremos uma reunião com a atenção básica para traçar estratégias de vacinas extra-muros, que é a aplicação de vacinas em locais como empresas, igrejas, colégios, faculdades, etc.
JC – E em relação à dengue, a Vigilância Sanitária tem atuado em parceria com a Secretaria do Meio Ambiente. Como tem sido feito esse trabalho?
PC – Nós temos feito mutirões em regiões em que foram encontrados o mosquito da dengue, o vetor que pode transmitir a doença. Nós passamos o aviso antes de acontecer o mutirão de casa em casa, com a parceria dos agentes comunitários de Saúde, pedindo para que as pessoas retirem de dentro de casa, do fundo do quintal, as garrafas vazias, pneus, qualquer artigo que possa ser um depósito de água parada para que a Secretaria do Meio Ambiente faça o recolhimento. Foi uma parceria adotada para diminuir a multiplicação do mosquito no município. Em Colombo nós não temos a dengue, o vírus circulando. Temos a presença do vetor e no último ano tivemos três casos, mas “importados”, de pessoas que viajaram para regiões com epidemia e tiveram a doença identificada aqui no município. Com relação à dengue nós já temos uma programação, um manual que é seguido do Ministério da Saúde, fazendo visitas em lugares estratégicos, que são os pontos mais prováveis de encontrar depósito de água parada e presença do vetor a cada quinze dias. Nós temos mais de noventa pontos cadastrados em Colombo, em que os agentes de endemias fazem essa verificação de presença da larva do mosquito. Além disso, são atendidas as denúncias de moradores. E de rotina, diariamente são feitas visitas em todo o município. Temos um mapeamento de bairros e fazemos o levantamento da presença da larva do mosquito nas residências. E quando temos um caso suspeito, antes mesmo da confirmação laboratorial, fazemos um bloqueio em um raio de 300 metros do local de onde este morador tenha residência. É feita uma cobertura 100% de visita domiciliar para identificar a presença e orientação da população.
JC – Como a população pode ajudar no trabalho da Vigilância Sanitária?
PC – O compromisso da população é o mais importante de tudo. Se não houver o envolvimento dos moradores ,não vai adiantar termos um exército de pessoas para falar e fazer a prevenção, que são os cuidados básicos. No caso da dengue, não deixar depósito de água parada em suas residências; no caso do sarampo, quando tiver sintomas já buscar a unidade de saúde e cumprir com as orientações que a unidade fornecer, fazer os exames e ficar segregado de suas atividades para evitar a transmissão e no caso do novo coronavírus respeitar o protocolo respiratório, que é usar um lenço de papel ao tossir, sempre lavar as mãos, atitude individuais que cada um tem que começar a adotar no dia a dia.